A silent scream

by Marie Sztana

UM GRITO SILENCIOSO

por Marie Sztana

 

eng

How human-made noise pollution affects marine life

The ocean is composed of a symphony of sound, silent to our human ears. Marine life uses noise to communicate, find a mate, hunt, and hide from predators. Light does not travel more than a few hundred meters in the ocean depth. Most marine life has, therefore, evolved to use sound as their primary sense. Noise is vital to the oceans. The problem is that we have flooded our oceans with man-made sound, disturbing an eco-system that relies on sound to survive. Unlike plastic pollution noise pollution is invisible and often overlooked.

What exactly are we talking about? Noise from ship traffic has doubled every decade since the 1960’s. Over 50.000 ships travel across the ocean every day. Water particles are more densely packed than air leading noise to travel about four times faster in water then in air. But the biggest culprit is seismic testing. It creates deafening noise – a boombox in our oceans. Seismic testing is used to look for oil and gas in the ocean depths. An air cannon is fired under water at 10 second intervals. The echoes off the sea floor are measured and this helps to map offshore oil and natural gas fields. These blasts are extremely harmful to marine life. It is literally like shooting a barrel of fish. The impact of the airguns has been detected as far as 4000 km from the source. This causes problems not only for whales. It also affects larvae of krill, which is the main food source for whales. Squids can also be affected even though they don’t have ears. Their bodies contain small organs called statocysts which are lined with noise sensitive hairs. Even low intensity sound can destroy the hair which affects the squid’s balance. So, noise pollution is not species specific. It affects the whole of the marine ecosystem.

Back to the whales. Whales sing to one another. They are very social creatures that travel in groups called “pods” and use a variety of noises to communicate and socialise with each other. The three main types of sounds made by whales are clicks, whistles, and pulsed calls.

Clicks are believed to be for navigation and for identifying physical surroundings. When the sound waves bounce off an object, they return to the whale, allowing the whale to identify the shape of the object. Noise pollution presents itself as a dense fog. If you have driven in fog or even just taken a walk you know how dangerous this is. It’s almost impossible to see your surroundings. Now imagine if that is your everyday reality.  Whales’ clicks can even help to differentiate between friendly creatures and predators. They have also been observed during social interactions, suggesting they may also have a communicative function. A super tanker can easily be as loud as the song of a blue whale making it impossible to hear each other and isolating them from one another.

 

 

Whistles and pulsed calls are used during social activities. Pulsed calls are more frequent and sound like squeaks, screams, and squawks to the human ear. Researchers have found that whales will communicate at a much higher frequency to hear each other over the noise created by boats. Like when we shout to be heard in a nightclub. But even this is not enough. Whales are shouting at each other but still do not manage to be heard which makes it much harder if not impossible to find a mate and repopulate. This has also economic effects. Fishermen have noticed that in areas where seismic testing takes place there are fewer fish, affecting their business and livelihood.

On the upside, the impact of noise pollution is short lived, unlike plastic which has become a permanent fixture in our oceans and a problem we may never be able to fix. As soon as we switch off the intrusive sound its devastation goes, too. In 2020, when 60% of the world’s population was in  lockdown, the level of man-made noise in the oceans reduced by 20%. This may not seem like a big number, however, the results were instantaneous and easy to observe. Large marine animals were seen near coastlines and waterways where they had not been seen in decades. And there are several options available to us if we want to make our oceans quieter. Noise muffling propellers can be introduced to reduce the impact of boats and ships. Slowing down in areas where whales are frequent has also shown positive results. Slower ships a quieter ships.

Noise pollution is a problem we can easily solve. It is important to be aware of the issue so we can support legislation and other measures that help to prevent the drowning out of the ocean’s natural symphony with intrusive techno music. If you have ever had a noisy neighbour, you know only too well how annoying that is.

 
 

pt

Como a poluição sonora causada pelo homem afecta a vida marinha

O oceano é composto por uma sinfonia de sons, silenciosa aos nossos ouvidos humanos. A vida marinha usa o ruído para se comunicar, encontrar um companheiro, caçar e se esconder de predadores. A luz não viaja mais do que algumas centenas de metros na profundidade do oceano. A maior parte da vida marinha, portanto, evoluiu para usar o som como o seu sentido primário. O ruído é vital para os oceanos. O problema é que inundamos o nossos oceanos com sons produzidos pelo homem, perturbando um ecossistema que depende do som para sobreviver. Ao contrário da poluição plástica, a poluição sonora é invisível e muitas vezes esquecida.

Do que estamos a falar exatamente? O ruído do tráfego de navios duplicou a cada década desde a década de 1960. Mais de 50.000 navios cruzam o oceano todos os dias. As partículas de água são mais densamente compactadas do que o ar, levando o ruído a viajar cerca de quatro vezes mais rápido na água do que no ar. Mas o maior culpado são os testes sísmicos. Criam um barulho ensurdecedor – um boombox nos nossos oceanos. Os testes sísmicos são usados para procurar petróleo e gás nas profundezas do oceano. Um canhão de ar é disparado debaixo de água em intervalos de 10 segundos. Os ecos do fundo do mar são medidos e isso ajuda a mapear os campos offshore de petróleo e gás natural. Essas explosões são extremamente prejudiciais à vida marinha. É literalmente como dispara num barril de peixe. O impacto das armas de ar foi detectado a 4.000 km da fonte. Este problema tem afecta não só as baleias. Também afeta larvas de krill, que é a principal fonte de alimento para as baleias. As lulas também podem ser afetadas, mesmo não tendo orelhas. Os seus corpos contêm pequenos órgãos chamados estatocistos que são revestidos com pelos sensíveis ao ruído. Mesmo o som de baixa intensidade pode destruir o pelo, o que afeta o equilíbrio da lula. Portanto, a poluição sonora não é específica de uma espécie. Afeta todo o ecossistema marinho.

De volta às baleias. As baleias cantam umas para as outras. Eles são criaturas muito sociais que viajam em grupos chamados “pods” e usam uma variedade de ruídos para se comunicar e socializar uns com os outros. Os três principais tipos de sons produzidos pelas baleias são cliques, assobios e chamadas pulsadas.

Acredita-se que os cliques sejam para navegação e para identificar o ambiente físico. Quando as ondas sonoras rebatem num objeto, elas voltam para a baleia, permitindo que a baleia identifique a forma do objeto. A poluição sonora apresenta-se como um nevoeiro denso. Se já dirigiste no nevoeiro ou apenas deste um passeio, sabes como isso é perigoso. É quase impossível ver ao teu redor. Agora imagina se essa for a tua realidade cotidiana. Os cliques das baleias podem até ajudar a diferenciar entre criaturas amigáveis ​​e predadores. Foram feitas observações durante as interações sociais, sugerindo que os cliques também podem ter uma função comunicativa. Um super tanker pode facilmente ser tão alto quanto o canto de uma baleia azul, tornando impossível ouvir uns aos outros e isolando-os um do outro.

Apitos e chamadas pulsadas são usados ​​durante as atividades sociais. Chamadas pulsadas são mais frequentes e soam como guinchos e gritos ao ouvido humano. Cientistas descobriram que as baleias se comunicam numa frequência muito mais alta para se ouvirem umas às outras por causa do barulho criado pelos barcos. Como quando gritamos para ser ouvidos em numa discoteca. Mas mesmo isso não é suficiente. As baleias estão a gritar umas com as outras, mas ainda não conseguem ser ouvidas, o que torna muito mais difícil, se não impossível, encontrar um companheiro e reproduzirem-se. Isso também tem efeitos económicos. Os pescadores notaram que nas áreas onde os testes sísmicos ocorrem há menos peixes, afetando os seus negócios e meios de subsistência.

Pelo lado positivo, o impacto da poluição sonora é de curta duração, ao contrário do plástico, que se tornou um elemento permanente nos nossos oceanos e um problema que talvez nunca consigamos resolver. Assim que desligamos o som intrusivo, a sua devastação também desaparece. Em 2020, quando 60% da população mundial estava em confinamento, o nível de ruído causado pelo homem nos oceanos foi reduzido em 20%. Isto pode não parecer um número grande, no entanto, os resultados foram instantâneos e fáceis de observar. Grandes animais marinhos foram vistos perto de costas e cursos de água onde não eram vistos há décadas. E existem várias opções disponíveis para nós se quisermos tornar os nossos oceanos mais silenciosos. Hélices de amortecimento de ruído podem ser introduzidas para reduzir o impacto de barcos e navios. A desaceleração em áreas onde as baleias são frequentes também mostrou resultados positivos. Navios mais lentos são navios mais silenciosos.

A poluição sonora é um problema que podemos resolver facilmente. É importante estar ciente do problema para que possamos apoiar a legislação e outras medidas que ajudem a evitar o ensordecer da sinfonia natural do oceano com a música techno intrusiva. Se já tiveste um vizinho barulhento, sabes muito bem como isso é irritante.

 

Coming Soon

A New Blog Post about other theme, in part related to this one, that also inspired the collection BLUE NOISE - Stay Tuned